O cofundador da Valve, Gabe Newell, declarou que a inteligência artificial deve provocar uma transformação comparável ao surgimento do computador e da internet. A avaliação foi feita em entrevista concedida ao empresário Zalkar Saliev, realizada a bordo do iate do executivo.
Visão de futuro do fundador da Valve
Newell afirmou que o impacto da inteligência artificial tende a alcançar praticamente todos os setores da economia. Na conversa, ele disse considerar “incrivelmente óbvio” que sistemas baseados em aprendizado de máquina vão remodelar processos de trabalho e gerar vantagens competitivas expressivas.
Segundo o empresário, profissionais que dominarem ferramentas de IA devem avançar mais rápido do que aqueles que resistirem à adoção da tecnologia. Ele citou contadores, advogados e programadores como exemplos de carreiras que já podem incorporar recursos algorítmicos para otimizar atividades diárias.
O executivo comparou o cenário atual ao período em que a internet começou a se popularizar. Na época, pessoas e empresas que reagiram rapidamente à novidade ganharam espaço e consolidaram valor de mercado antes dos concorrentes.
IA como diferencial competitivo
Para Newell, a inteligência artificial funciona como um “código de trapaça” capaz de acelerar resultados de indivíduos e companhias dispostos a explorá-la. Ele defendeu que compreender a tecnologia é a melhor forma de se posicionar diante da próxima grande mudança estrutural da indústria.
A confiança de Newell no tema acompanha seu envolvimento com a Starfish, empresa que aplica redes neurais em pesquisas sobre interfaces cérebro-computador. O empreendimento, descrito como similar à Neuralink de Elon Musk, utiliza modelos de IA para avançar em estudos de neurotecnologia.
Expansão rápida e novos desafios
A adoção de soluções de IA tem acelerado graças, em parte, à evolução de ferramentas generativas e ao aumento de capacidade de processamento. A Nvidia, fabricante dos chips demandados por grandes modelos, superou recentemente US$ 4 trilhões em valor de mercado, tornando-se a companhia mais valiosa do mundo.
No setor de jogos, a tecnologia já influencia produção de personagens, roteiros e testes de qualidade. Ainda assim, permanece a incerteza sobre o número de postos de trabalho que podem ser automatizados.
O diretor-executivo da Electronic Arts, Andrew Wilson, declarou que demissões são prováveis em razão da automação, mas previu crescimento global de contratações à medida que surgem funções inéditas ligadas ao desenvolvimento e à supervisão de algoritmos.
A discussão sobre proteção a profissionais também ganhou força em negociações sindicais. A recente greve de dubladores de videogames terminou com acordos que incluem cláusulas específicas para limitar o uso de IA na reprodução de vozes sem autorização.
Embora o alcance final da tecnologia ainda seja indefinido, Newell reiterou que compreender seus recursos se tornou requisito para manter relevância em qualquer área. Ele aconselhou interessados em progredir na carreira a incluir estudos de IA na formação profissional e a acompanhar de perto as inovações que surgirem.